São destinadas 130 amostras do material rico em colágeno, que acelera a recuperação da queimadura e diminui as dores por não precisar de trocas constantes.
“O curativo biológico tem uma rica quantidade de colágeno que vai ser ideal para o processo de cicatrização e não tem troca diária de aplicativo, o animal fica com o curativo por 10 a 12 dias. Isso impede a perda de líquidos do animal e a pele da tilápia protege contra infecções”, explica o biólogo e coordenador da equipe, Felipe Rocha.
Entre os animais que serão tratados com o material estão a anta brasileira, o tamanduá bandeira e o veado catingueiro, ameaçados de extinção e afetados pelo fogo que consome a região Pantanal. “Já temos uma noção de que existem 30 animais com possibilidade de aplicação dos curativos. A ideia é que a gente vá, aplique, e a equipe de lá vai fazer todo o manejo e aplicando em mais animais que possam vir a chegar”, destaca.
Os feridos são recebidos pelo Centro de Medicina Veterinária e Pesquisa em Animais Silvestres (Cempas) da Faculdade de Medicina Veterinária da Universidade Federal de Mato Grosso. A instituição pediu os curativos biológicos na última quinta-feira, 1º, como forma de recuperar e dar maior qualidade de vida aos bichos socorridos. A organização Ampara Animal contribui no processo de acolhimento dos animais.
Segundo o Ibama, os incêndios já destruíram 3,461 milhões de hectares no bioma Pantanal, sendo 2,053 milhões de hectares em Mato Grosso e 1,408 milhão de hectares em Mato Grosso do Sul.
Uso da pele de tilápia
A pele da tilápia foi utilizada inicialmente no tratamento de queimados. A técnica para a recuperação desses pacientes desenvolvida pela Universidade Federal do Ceará (UFC) chegou a ser exportada e usada para curar queimaduras de ursos na Califórnia.
Houve êxito na aplicação em cirurgias ginecológicas, técnica idealizada pelo médico Leonardo Bezerra, professor da UFC. No caso mais recente, o material foi usado em um procedimento inédito para reconstrução vaginal de uma mulher transexual, realizado na Unicamp, em Campinas (SP). Já no Ceará, os procedimentos são realizados em parceria com a Maternidade-Escola Assis Chateaubriand (MEAC).
No Ceará, cirurgias de reconstrução vaginal com a membrana do peixe já foram realizadas em mulheres com síndrome de Rokitansky, agenesia vaginal ou câncer pélvico.
Em 2017, pesquisadores da Universidade Federal do Ceará (UFC) inauguraram o primeiro banco de pele de tilápia para uso em tratamentos médicos.
A repercussão positiva dos resultados obtidos com as pesquisas já foram destacadas pelo presidente Jair Bolsonaro e, inclusive, citada em séries de TV norte-americanas como “The Good Doctor” e “Grey’s Anatomy”.
Por: Repórter Ceará com informações do G1-CE.
Foto: Saulo Roberto.
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